quinta-feira, 24 de julho de 2008

Pensamento Jovem

Ser feliz é sentir-se útil
必要とされる場所で生きること = 幸せ -Hitsuyouto sareru basho de ikirukoto = shiawase
Quem eu sou
Meu nome é Nanci Lissa, tenho 25 anos, sou nikkei nissei (filha de japoneses), nasci no Rio de Janeiro, passei parte da infância em São Paulo, e moro há 17 anos no Japão. Desde o nível fundamental até o superior estudei no Japão e hoje trabalho no Atmark Inter-Highschool, uma escola internacional por correspondência. Falo japonês, inglês e português, mas acho que minha proficiência em todas elas ainda é desejável. Gosto de esportes, tais como basquetebol, voleibol, tênis e também sou fã de um karaoke.
Vida no Japão e identidade cultural
Vim ao Japão com meus pais quando tinha 9 anos de idade e entrei numa escola japonesa. Na época, falava e escrevia português, mas com o passar do tempo, fui esquecendo o idioma, pois em casa também falávamos em japonês e não tínhamos contato algum com a comunidade brasileira. No início trocava cartas com minhas amigas brasileiras, mas sentia vergonha por não escrever corretamente e parei de me corresponder.
Ao entrar na faculdade, procurei ter mais contato com brasileiros e, assim, comecei a participar de um grupo de voluntários que ensinava português a crianças brasileiras na região de Tsurumi, Yokohama. Dediquei-me por dois anos a crianças do chugakko (ginásio), ajudando-os nos estudos e ouvindo os seus desabafos.
Como eu cresci no Japão e não sabia nada sobre o meu país de origem, vivia procurando um meio de voltar ao Brasil e conhecer melhor a mim mesma também. Finalmente, em 2005, através do Dr. Daisuke Onuki, de uma ONG brasileira (hoje professor da Universidade de Tokai, Kanagawa) tive a oportunidade de trabalhar por 7 meses como voluntária da Associação Comunitária Monte Azul em São Paulo e viajar pelo Brasil afora.
Formei-me na faculdade em 2006 aqui no Japão, e atualmente trabalho num colégio (segundo grau) por correspondência e internet onde começamos o atendimento em português recentemente. A situação dos jovens e crianças filhos de migrantes aqui no Japão é complexa. Eu me preocupo muito com o futuro deles. Por esse motivo escolhi trabalhar no ramo de educação, pois quero ajudar aqueles que passam pela mesma dificuldade que passei.
Brasil versus Japão
Há coisas que gosto e não gosto no Brasil e no Japão. Adoro o calor do povo brasileiro, mas é triste ver a enorme diferença social no país. Uma das coisas que mais gosto no Japão é a comida saudável, mas detesto a indiferença dos japoneses.
Hoje em dia sinto que tenho várias opções sendo uma nikkei brasileira. Conheço os dois países, e posso me comunicar em vários idiomas. Porém, me sinto prejudicada por não ter direito ao voto aqui, apesar de ter crescido, morar e trabalhar no Japão. Apesar dos prós e contras, poderia morar em qualquer um dos dois países, desde que tenha algo para fazer. Viveria feliz em qualquer lugar onde me sentisse útil de alguma forma.
Sabedoria jovem
Se a criança/ jovem vive no Japão, acho muito importante estudar o idioma japonês e completar os estudos em escola japonesa. Mesmo que um dia voltem ao Brasil, ainda será possível reestudar o português e correr atrás de alguma chance. Seja como for, acho essencial terminar os estudos em algum lugar para não sentir-se incompleto. Não podemos abrir mão do estudo e de lutar pelos nossos sonhos. Para todo problema existe uma solução e oportunidades sempre surgem se você não desistir.

Artigo de Nanci Lissa Miyagasako - Escrito por Cintia Niva